INTRODUÇÃO

Questões

Quem foi Jesus? Um dos seres humanos mais influentes de todos os tempos? O fundador do Cristianismo? Um messias ou salvador enviado por Deus para redimir a humanidade de seus pecados? Quais foram os Seus ensinamentos? O nosso conhecimento de Jesus se limita àquilo que está registrado na Bíblia? O que a pesquisa histórica moderna tem a dizer sobre o que Jesus fez e ensinou? Existiram outros mestres na Índia cujos ensinamentos são semelhantes aos de Jesus? Em caso afirmativo, como podem esclarecer os ensinamentos de Jesus?

Com a descoberta de diversas novas fontes documentais no Deserto do Sinai e nas proximidades do Mar Vermelho, e com o advento de métodos modernos de análise de texto desenvolvidos por pesquisadores independentes, livres de vieses institucionais, na atualidade a maior parte dos estudiosos da Bíblia concordarão que os livros bíblicos que compõem o Novo Testamento estão escritos em diferentes níveis de autenticidade:

Aqueles que provavelmente retratam as próprias palavras proferidas por Jesus, citados nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, porém registrados algumas décadas depois de sua partida;

Aqueles que provavelmente são interpolações – palavras atribuídas a Jesus de fontes desconhecidas;

Aqueles em que outras pessoas tratam do que foi dito sobre Jesus ou sobre seus ensinamentos como por exemplo, as “cartas” de Paulo, que compõem a maior parte do restante dos textos do Novo Testamento, e que serviram de base para o dogma da Igreja nos primeiros tempos.

Dentro do Cristianismo e no entendimento popular sobre Jesus e seus ensinamentos, o quanto será que tais interpolações e os dogmas da Igreja primitiva distorceram ou obscureceram os ensinamentos e as palavras próprias de Jesus? O que as próprias palavras de Jesus dizem sobre quem Jesus era e do que se tratavam seus ensinamentos? O que as próprias palavras de Jesus não dizem? As respostas a estas questões são um pré-requisito para que se possa comparar os ensinamentos de Jesus com os ensinamentos de gnósticos e outros místicos como os Ioga Siddhas. Tentativas anteriores,Altre fonti, tuttavia, mettono in luce gli atti, le parole e l’insegnamento di Gesù. Le troviamo tra gli scritti degli gnostici scoperti a Nag Hammadi, nel Sinai nel 1945, quelli degli Esseni, scoperti a Qumram nel 1948, e migliaia di manoscritti antichi. Questi documenti tracciano di nuovo lo sviluppo degli inizi del cristianesimo e testimoniano le sue divisioni. como a de Swami Prabhavananda em The Sermon on the Mount According to Vedanta (O Sermão da Montanha de acordo com o Vedanta) e a de Paramahansa Yogananda em The Second Coming of Christ (A Segunda Vinda de Cristo), estabeleceram comparações com o dogma cristão expresso na Bíblia (versão King James), mas não consideraram o trabalho de historiadores da Bíblia que apontam uma série de imprecisões da versão inglesa da Bíblia quando comparada ao texto grego original. Eles não levam em consideração muitas descobertas trazidas à tona pela pesquisa histórica crítica moderna. Yogananda interpretou quem Jesus foi, distinguindo “Jesus” a pessoa, de “Cristo”, o estado de “consciência” que ele alcançou. A maior parte de suas interpretações se baseou em declarações supostamente feitas por Jesus, por exemplo, as declarações “Eu sou”, presentes no Evangelho de João, que a maioria dos estudiosos críticos atualmente considera serem interpolações e não propriamente palavras ditas por Jesus. O presente trabalho apresenta a comparação dos ensinamentos dos Ioga Siddhas com os ensinamentos de Jesus que são atualmente considerados os mais autênticos segundo os resultados da pesquisa histórica crítica moderna.

Outros tentaram comparar o que Jesus fez com o que outros santos, profetas e sábios fizeram. Alguns especularam com a hipótese de Jesus ter estado na Índia ou no Tibe, onde foi iniciado em suas tradições sagradas. Holger Kersten, por exemplo, no seu livro Jesus Viveu na Índia, agrupou vários argumentos, com base em evidências bem reduzidas, de que Jesus não apenas viajou ate a Índia antes de ser crucificado, mas que retornou ao país e morreu na Caxemira. Ele conclui entretanto, que nós não sabemos realmente o que Jesus fez.

Como veremos, os estudiosos históricos modernos têm sido capazes de formar um amplo consenso sobre aquilo que Jesus ensinou, mas a história provê poucas evidências sobre aquilo que Jesus realmente fez. Não há registros sobre os chamados “anos perdidos” de Jesus, período que se dá entre o incidente ocorrido no templo de Jerusalém, quando, aos 12 anos, ele falou autoritariamente aos escribas e fariseus, e sua aparição aos 30 anos de idade, quando iniciou sua missão, no mar da Galileia. Portanto, devemos buscar outros lugares e referências para sermos capazes de entender as influências que transformaram Jesus, o filho do carpinteiro de Nazaré, no Messias, ou salvador do povo Judeu, e no Cristo, reverenciado por milhões de pessoas desde aqueles tempos.

No entanto, existem outras fontes que, por comparação com aquilo que Jesus disse e ensinou e o modo como viveu, indicam claramente quais foram essas influências. Como exemplos temos os escritos dos gnósticos, descobertos em Nag Hammadi, na península do Sinai em 1945, os escritos dos essênios judeus, descobertos em Qumram em 1948, e milhares de documentos antigos que traçam o percurso do Cristianismo inicial e que retratam suas divisões concorrentes.

Muitos estudiosos estudaram os Ioga Siddhas da Índia: Eliade, Briggs, Zvelebil, Ganapathy, White, Govindan, Feuerstein, em particular. O estudioso tamil Suba Annamalai produziu, em 2000, uma edição “crucial” do Tirumandiram, o trabalho mais importante dos Ioga Siddhas de Tamil, escrito pelo Siddha Tirumular (entre os séculos segundo a.C. e o quarto século d.C.), a partir de 13 manuscritos existentes. Uma nova tradução com comentários na língua inglesa desta edição “fundamental” do Tirumandiram está atualmente sendo preparada por uma equipe de acadêmicos liderada por Dr. T.N. Ganapathy. Mais recentemente, as pesquisas do Centro de Pesquisa Ioga Siddha, em Chennai, na Índia, liderado por Dr. T.N. Ganapathy, têm gerado uma série de livros que, pela primeira vez, disponibilizam a tradução e comentários sobre os Ioga Siddhas, ou os iogues “perfeitos” do sul da Índia, que foram contemporâneos de Jesus. Os seus ensinamentos e poderes miraculosos eram notavelmente semelhantes aos de Jesus. Isto torna possível comparações intrigantes entre os ensinamentos e milagres de Jesus e aqueles dos Ioga Siddhas.

Os escritos dos Ioga Siddhas do sul da Índia foram amplamente ignorados até recentemente. Eles não foram preservados satisfatoriamente pelas instituições ortodoxas por conta da condenação severa dos Siddhas ao sistema de castas, pela excessiva ênfase à adoração aos templos e escrituras, e pela autoridade dos Brahmins, a casta de sacerdotes, que monopolizava os assuntos religiosos na Índia.

Os escritos dos Siddhas eram feitos em linguagem vernacular do povo em vez de em sânscrito. O conhecimento do sânscrito se limitava a quem pertencia à casta dos brâmanes, cujos sacerdotes e educadores dominavam os sistemas religiosos e escolares. Os Siddhas condenavam tal monopólio dos brâmanes e ensinavam que o Senhor só poderia ser conhecido pela Jnana Ioga, isto é, a sabedoria que nasce do processo de autoconhecimento, meditação e outras práticas espirituais, particularmente por meio da Kundalini Ioga. Numerosos nas castas ortodoxas, os brâmanes reagiram queimando os escritos dos Siddhas e os ridicularizando para denegrir sua imagem popular. Os escritos dos Siddhas foram feitos no que se chama de “linguagem do crepúsculo” que, propositadamente, procura obscurecer seu significado mais profundo, dificultando o entendimento comum, mas não o dos iniciados na ioga. Entretanto, esta grande lacuna na compreensão acadêmica dos escritos dos Siddhas recentemente tem sido preenchida por uma série de livros produzidos por uma equipe de importantes estudiosos que atuam a serviço do Centro de Pesquisa Ioga Siddha, em Chennai, na Índia. O Centro tem coletado, preservado, transcrito e iniciado a tradução de milhares de manuscritos em folha de palmeira escritos pelos Ioga Siddhas, que foram esquecidos em diversas bibliotecas de manuscritos do sul da Índia.


Semelhanças Notáveis

Mesmo uma comparação superficial dos ensinamentos de Jesus com aqueles dos Siddhas, realizado por qualquer pessoa familiarizada com ambos, revelaria semelhanças notáveis:

Jesus ensinou em parábolas, metáforas, paradoxos e paródias que continham ensinamentos profundos de uma forma que mesmo os ouvintes não letrados (analfabetos) poderiam entender e memorizar facilmente. Ele era um iconoclasta, que buscava mobilizar Seus ouvintes para a realização do espírito, e não apenas as regras das leis e práticas de adoração judaicas.

Os Ioga Siddhas ensinaram na forma de poemas, na linguagem vernacular das pessoas analfabetas, de uma maneira que pudessem facilmente entender, memorizar e relembrar. Vários níveis de significados podem ser atribuídos aos ensinamentos de ambos, Jesus e dos Siddhas. Os níveis mais profundos só podiam ser entendidos pelos iniciados, que foram ensinados por um mestre espiritual sobre como acessar a realidade interior através de práticas como a meditação e o silêncio.

Anche gli yoga siddha condannavano l’enfasi messa sul culto degli idoli nel tempio. Da nessuna parte, nei loro scritti è indicato che cantassero le lodi delle divinità popolari indù o che adorassero le immagini di Dio. Insegnavano che il corpo umano è il vero tempio di Dio e che solo con un processo di purificazione interiore è possibile riuscire a conoscere il Signore.

Jesus condenou severamente os fariseus e os mercadores do templo, destruindo fisicamente suas tendas. Quando desafiado pelos fariseus a respeito da autoridade com que falava, ele respondeu: “Eu posso destruir este templo, e em três dias reconstruí-lo!” A Sua ressurreição da cruz comprovou a afirmação feita de que o templo real esta dentro de cada um.

Os Ioga Siddhas também condenaram a ênfase dada à adoração do templo e de ídolos. Em nenhuma parte de qualquer um dos escritos dos Ioga.

Siddhas se encontrará cantos populares em louvor às populares deidades hindus ou imagens de Deus. Eles ensinavam que o corpo humano é o verdadeiro templo de Deus e que somente através de um processo de purificação interna uma pessoa pode vir a conhecer o Senhor.

Nem Jesus, nem tampouco os Siddhas tiveram a intenção de criar uma nova religião. Eles ensinaram que Deus está presente no mundo. Eles ensinaram como perceber Deus a partir da autodisciplina, do autoconhecimento e através de nossa conexão com o outro.

Jesus ensinou o perdão dos pecados ou transgressões. Este ensinamento é exemplificado na parábola do filho pródigo, uma das mais importantes.

Os Siddhas ensinaram como “desapegar” das influências dos samskaras (tendências subconscientes), os quais são coletivamente referidos como carma (as consequências das ações, palavras e pensamentos). Em um nível mais profundo de entendimento, perdão e desapego podem ser considerados como sinônimos, e ambos são aspectos centrais dos ensinamentos de Jesus e de Siddhas como Patanjali.

Jesus repetidamente referia-se a si mesmo modestamente como o “filho do homem”, mas mais tarde, os escritores dos Evangelhos, e também Paulo, referiram-se a ele como “filho de Deus”.

Os Siddhas distinguiam o “self inferior”, corpo-mente-personalidade, articulados entre si pelo egoísmo (asmita), do “self superior”, consciência pura, encarnada como alma individual, mas limitado por muitas imperfeições.

Nos três Evangelhos sinóticos de Marcos, Mateus e Lucas, considerados pelos estudiosos como as partes mais autênticas do Novo Testamento, Jesus fala pouco sobre si mesmo e, quando o faz, é sempre modestamente.

Os Siddhas também pouco dizem sobre si mesmos em seus escritos. Eles falam de libertar a si mesmos da ignorância, do egoísmo e da ilusão. E assim, eles desfrutam a consciência expandida, se transformando em instrumentos do Divino para operar “milagres”.

Jesus ensinou que o Senhor, a quem se refere como Pai, não apenas existiu, mas Ele nos ama. Ele também ensinou que, para conhecê-Lo, deve-se superar o egoísmo e o apego às coisas deste mundo.

Os Siddhas também ensinaram que, a partir de um processo progressivo de autoestudo, disciplina e purificação, pode-se perceber o Senhor. Eles não temiam o Senhor. Eles O amavam. Para eles, Deus era Amor e Amor era Deus. Entregar-se ao Senhor era o caminho para a transformação progressiva. Eles compreendiam o Senhor como Ser Absoluto, Consciência e Bem-aventurança dentro de si mesmos.

Jesus enfatizou repetidamente que “o Reino do Céu está dentro de nós”. O eixo temático norteador dos ensinamentos de Jesus contidos nos evangelhos sinóticos, assim como no Evangelho de São Tomás é “o Reino do Céu”. Já nas Epístolas de Paulo, assim como no Evangelho de João, o tema é o próprio Jesus, sua missão e sua pessoa. Observa-se que, segundo a maioria dos estudiosos respeitados, tais textos contêm apenas interpolações (declarações postas na boca de Jesus por fontes desconhecidas).

Os Siddhas repetidamente ensinavam que o Senhor seria encontrado dentro de si mesmo, como Ser Absoluto, Consciência e Bem-aventurança, e que este estado só poderia ser alcançado através do cultivo do samadhi (consciência de Deus). Isto não é uma criação da mente. É a percepção da Testemunha Divina interior e o cultivo de uma vida divina, na perspectiva dessa consciência de Deus. Eles ensinaram que, diferentemente de nossa alma, o Senhor não é afetado pelos desejos e carma. Sendo um com tudo, os Siddhas dissolveram qualquer inclinação de ser um personagem especial. Os Siddhas raramente falaram sobre sua pessoa e nunca encorajaram a adoração deles mesmos, mas sim da Realidade onipresente em cada um.

Jesus utilizou a metáfora da Luz para representar a consciência de sua verdadeira identidade: “quando o olho é simples, o corpo inteiro se torna luminoso”. (Lucas 11.34)

Os Siddhas se referiam ao Ser Supremo como a luz que permeia tudo ou como a suprema luz da graça. Eles se referiam ao Ser Supremo como Shiva Shakti (energia consciente) e ensinavam que esta podia ser percebida dentro de cada um como a sublime e divina energia luminosa kundalini, no corpo sutil.

Foi relatado que Jesus ascendeu corporalmente aos céus depois de 40 dias de sua ressureição. Durante estes 40 dias ele apareceu para seus discípulos. Tomé, duvidando disso, verificou sua natureza corpórea tocando Suas mãos. O corpo de Jesus não foi enterrado.

Os Siddhas proclamavam repetidamente a sua total entrega ao Senhor, entrega esta que incluía todas as células de seus corpos físicos e criava uma transformação geradora de imortalidade.

Jesus teria sido crucificado por oposição àqueles que governavam o templo fundado por David em Jerusalém – os sacerdotes e fariseus. Eles o viam como uma ameaça à posição privilegiada que ocupavam. Jesus procurava libertar os judeus não dos romanos, mas de sua ignorância espiritual, do medo e da dominação dos sacerdotes. Ele os ensinava através de suas parábolas e iniciou seus discípulos no caminho para o conhecimento de Deus através do mergulho em si mesmos com as práticas esotéricas.

Os Siddhas tem sido refutados até os dias de hoje por interesses escusos do Hinduísmo, dos Brahmins, que controlam os templos e atuam como intermediários entre as pessoas comuns e os “deuses” do panteão hindu. Os Siddhas são condenados e ridicularizados como “fazedores de milagres”, faquires e outras coisas piores pelos Brahmins, movidos pelo medo do apelo popular que eles possam vir a despertar nas massas. Os Siddhas e outros adeptos da ioga iniciaram os mais qualificados estudantes em práticas esotéricas como a Kundalini Ioga e a meditação.

Jesus enfatizava o amor e a experiência interior ou a comunhão com Deus, em vez da lei do Antigo Testamento.

Os Siddhas rejeitavam a ênfase dada ao ritual e sacrifício ao fogo externos das escrituras Védicas; eles enfatizavam o caminho interior para o Senhor através do amor e da ioga.

Jesus realizou diversos milagres como resultado de seu poder, ou siddhis. Assim também o fizeram os Siddhas. As pessoas comuns dissipam sua energia através dos sentidos, atraídos pelos desejos. Aquele que realiza a Presença do Senhor dentro de si, conquista acesso ilimitado ao poder e à consciência. O potencial não manifestado é conhecido como kundalini. Quando é despertado, transforma aquele que desperta em instrumento do Divino

Jesus passou 40 dias na natureza em meditação e prece, e como resultado adquiriu grandes poderes.

Os Siddhas realizaram penitências (tapas) similares que resultavam em poderes (siddhis). Além disso, o número 40 tem significado particular na tradição da ioga para as práticas de penitência.

Ambos, Siddhas e Jesus, demonstraram grande preocupação social. Jesus deixou João Batista e retornou às áreas urbanas, permeadas de coletores de impostos e outros tipos de baixa reputação, onde encorajava movimentos contraculturais antagônicos às tradições estabelecidas.

Os Siddhas procuravam mostrar a todos o caminho do Senhor, ensinando como se comportar, a partir dos conhecimentos da ioga e de padrões de vida saudável, da medicina, e também ensinando o que deve ser evitado.

Jesus aceitou Maria Madalena com discípulo quando permitiu que ela lavasse e untasse seus pés. Jesus iniciou seus mais valorosos discípulos, como Tomás, nos conteúdos esotéricos, que lhes possibilitaram realizar o Supremo Ser, além do Deus criador.

Os Siddhas demonstravam entrega a seus Gurus lavando, untando ou tocando seus pés. Eles iniciaram seus discípulos nas técnicas avançadas de ioga para a expansão da consciência e para aproximá-los da realização do Ser.

Jesus não foi apenas um professor ou um rabino para seus discípulos, mas um homem de Deus, que permaneceu como um enigma para todos os seus discípulos diretos. Eles se esforçavam para compreender seus ensinamentos, suas parábolas, e se referiam a ele de maneiras variadas, como profeta ou Messias, o ungido que os libertaria da tirania Romana. A confusão deles levou à formação de múltiplas seitas durante os primórdios do Cristianismo, até o quarto século d.C., quando a Igreja, em aliança como o Império Romano, desejosos pela unificação do Cristianismo e do Império Romano, definiram os dogmas e crenças cristãs e declararam heréticos aqueles que não aderiram ao dogma estabelecido.

Os Siddhas eram Gurus (aquele que dissipa a escuridão) que mostravam o caminho para o Senhor, e a quem se reverenciava como divindades encarnadas. Eles exaltavam a autoridade da própria experiência interior de cada um, em vez da autoridade dos Vedas (escrituras). Por esta razão, os ortodoxos os condenavam. Os Siddhas permanecem como enigmas para a maioria dos hindus.

Neste trabalho vamos explorar e comparar estas e outras áreas, esclarecendo as perguntas “Quem foi Jesus?” e “De que forma posso melhor entender Seus ensinamentos?”


Por que um cristão deve estudar ioga?

A resposta resumida é que estudar e praticar ioga fará de um cristão um cristão melhor. Além disso, também proverá experiências espirituais valorosas, paz mental, energia e boa sáude, todos aspectos essenciais para a realização dos objetivos tanto das pessoas de fé como dos racionalistas. Assim como Buda não era um budista, Jesus não era um cristão. Budha foi certamente um iogue, que empreendeu uma jornada para encontrar a causa do sofrimento humano, e o seu remédio, através de indagações filosóficas. Quem sou eu? De onde vim e para onde vou? Por que existe o mal? O que existe além desta vida? Neste sentido, a ioga pode ser considerada como o lado prático de todas as religiões. Não contém dogmas, nem crenças limitantes. Não é uma religião. Pode ser considerada como uma “filosofia aberta” por aceitar varias abordagens para a Verdade.

É amplamente reconhecida como um dos seis principais sistemas filosóficos da Índia. Desta forma, se enquadra perfeitamente na recomendação feita pelo Papa João Paulo II de que os cristãos estudem filosofia, incluindo as do oriente, de forma a se tornarem melhores cristãos. Sua Encíclica Papal “Fé e Razão” fornece a resposta completa à questão acima. Nela Papa João Paulo II argumenta que:

“No Ocidente assim como no Oriente, podemos traçar uma jornada pelos séculos em que a humanidade buscou a verdade e se envolver com ela de forma cada vez mais profunda. É uma jornada que se desenrola no horizonte pessoal da autoconsciência – como deveria ser: quanto mais os seres humanos conhecem a realidade e o mundo, mais passam a conhecer a si mesmos em sua unicidade, e mais pressionados são pelos questionamentos quanto ao sentido das coisas e sua existência. Este é o motivo pelo qual todos os objetos de nosso conhecimento se tornam parte de nossas vidas. O comando “Conheça a si mesmo” foi gravado no portal do templo de Delfos, como testemunha da verdade básica a ser adotada como norma mínima daqueles que buscam se destacar do resto da criação como “seres humanos”, isto é, como aqueles que “conhecem a si mesmos”.

A ioga é um meio de “conhecer a si mesmo”. Do mais grosseiro aos níveis mais sutis, a ioga nos dá meios para alcançar as sutilezas mais elevadas e mais etéreas das substâncias materiais. A ioga pode nos levar além do aprisionamento dos nossos sentidos, dos pensamentos de nossa mente, e até mesmo além da nossa consciência mais sutil para a Força-Amor que está além. A ioga examina os princípios e leis fundamentais do cosmos, o propósito e as demandas relacionadas à evolução divina. Ela examina como o princípio da graça atua na vida por meio de instrumentos físicos, por meio da mente, do sistema nervoso físico e dos órgãos vitais.

A ioga pode nos ensinar como acolher os sofrimentos de nossa vida e como superá-los. Os Siddhas não foram pessimistas nem ilusionistas. Eles enxergavam o mundo como uma combinação de divisões, escuridão, limitação, desejo, esforço, dor e esplendor, beleza e verdade. Eles reconheciam a mente como instrumento da alma que estava presa nessa mente. A perspectiva “Eu sou” é a força de poder criativo que a alma possui para elevá-la desta prisão. A profunda percepção do “Eu sou” é um meio poderoso para nos conhecermos verdadeiramente como filhos de Deus. De acordo com os Siddhas, nós partilhamos a consciência com Deus. Mas raro é aquele que entende e absorve esta Verdade. Deus está por trás de tudo o que existe como a Testemunha Eterna. Mas esta Consciência Suprema pode se expressar em perfeição no mundo manifesto somente naquele que harmonizou integralmente a Verdade em si mesmo. Um Siddha é aquele que o fez, unindo corpo e alma em uma nova identificação com a perfeição absoluta. Isto ocorre somente depois de haver descartado toda identificação com a mente em seu estado imperfeito de manifestação e consciência física. O Siddha se submeteu a Consciência Suprema em todos os níveis, do espiritual ao físico. Jesus poderia ser identificado como um destes seres. Ele deixou a forma humana imperfeita para adentrar em uma nova Consciência e Ser.

O ioga ensina que a realidade imperfeita da existência humana só é percebida pela mente, a mente limitada do desejo, da divisão, escuridão, esforço e dor. E, para superá-la, a própria mente necessita alcançar uma aspiração psíquica na direção da perfeição que se encontra além dela mesma. A mente do homem precisa buscar unir-se a um ideal de perfeição e harmonizar-se totalmente com tal ideal. Este processo requer a completa entrega ao Supremo Ser, Consciência e Bem Aventurança.


Os objetivos deste livro

Este livro se destina aos seguintes leitores:

  1. Cristãos interessados na comparação entre os ensinamentos espirituais do Oriente com os do Cristianismo.

  2. Estudantes de ioga espiritual, anteriormente tratada como ioga e tantra clássicos, assim como estudantes e praticantes de meditação e outras disciplinas espirituais.

  3. Estudantes sérios da Bíblia, incluindo aqueles interessados na pergunta “O que Jesus realmente ensinou, antes da formação do dogma cristão?”

Os objetivos deste livro são:

  1. Demonstrar que aquilo que Jesus ensinou, como por exemplo sua parábolas e ditos, eram impressionantemente similares aos ensinamentos proferidos pelos mestres de ioga, também chamados de Siddhas.

  2. Explorar as implicações deste paralelismo entre os ensinamentos para aqueles que desejam aplicá-los em suas próprias vidas, não propriamente para conhecer a Deus, mas para saber como conhecer a Deus a partir de estados elevados de consciência.

  3. Mostrar como as descobertas de manuscritos antigos , e as análises conduzidas por estudiosos independentes através de métodos científicos, oferecem muitos insights aos ensinamentos originais de Jesus.

  4. Demonstrar porque as “afirmações” de Jesus, que circularam oralmente durante as primeiras décadas após sua crucificação antes de serem registradas, são provavelmente as fontes mais autênticas de seus ensinamentos que temos ainda hoje. Estas se limitam a algumas dezenas de parábolas, aforismos e réplicas aguçadas, que foram repetidos nas tradições orais por duas ou três décadas antes antes de eventualmente terem sido registradas pelos anônimos escritores da Bíblia.

  5. Mostrar como os ensinamentos originais de Jesus, conforme registrado nas suas “falas” e parábolas, foram obscurecidos quando o Cristianismo passou a ser definido em termos de dogmas e credos.

  6. Explorar a pergunta “Quem foi Jesus?” com base nas afirmações que diversos estudiosos críticos modernos concluíram serem as mais autênticas.

  7. Explorar as perguntas “Onde se encontra o Reino de Deus ” e “Como posso alcançá-lo?” com base nas afirmações que diversos estudiosos críticos modernos concluíram serem as mais autênticas.

  8. Explorar a pergunta “Por que os ensinamentos de Jesus são tão contrários à natureza humana comum?”

 


 

 

© 2018 - Babaji's Kriya Yoga and Publications
All Rights Reserved. "Babaji's Kriya Yoga" is a registered service mark.